Arquivo do mês: junho 2010

mostra de performance verbo

Notei que muita gente anda procurando informações no +1TEKO sobre a mostra anual de performance Verbo, realizada pela galeria Vermelho, aqui de São Paulo. Então fui atrás e descobri algumas coisinhas no site da galeria. Já adianto que as inscrições aconteceram no início do ano, então agora tem de relaxar e ir curtir os trabalhos dos artistas. Guarde sua performance pra 2011. A sexta edição da Verbo será entre 26 e 31 de julho e vai se estender além da Vermelho, com oficinas, laboratórios e palestras no Centro Cultural São Paulo e na Funarte.

O press release da Verbo diz que foram inscritos 200 projetos e 11 foram selecionados para a próxima edição. Além destes, foram convidados 16 projetos que na verdade são, na maioria, artistas da galeria Vermelho, o que interessa diretamente à diretoria da mesma já que a mostra tem um grande número de espectadores, muitos deles acadêmicos e críticos de arte. Destaco alguns nomes que foram selecionados: Cris Bierrenbach, Maurício Ianês e o Grupo Empreza, todos brasileiros. Entre os artistas selecionados, tem muitos brasileiros e gente do Canadá e de diversos países da Europa.

As performances acontecem na galeria Vermelho em diversos horários, mas a programação externa à galeria é muito boa. No CCSP vão rolar performances e três mesas de discussão: identidade/sexualidade, feminino e feminismo; o rastro/telepresença, locução e poesia; o labor/o cotidiano, o jogo e desempenho dentro da performance atual. Inscrições gratuitas, mas não informam como e quando se inscrever. Fique atento!!! Também lá acontece o laboratório de escrita sobre performance. Durante seis dias, o laboratório abordará questões atuais sobre a performance e vai incitar os participantes a produzir textos críticos nesta área. Os participantes serão selecionados a partir do envio de currículo, carta de intenção e texto inédito de no máximo duas laudas. Também não há informações sobre como e quando se inscrever para esse laboratório.

A abertura da Verbo 2010 acontecerá dia 26 de julho na Funarte, nos Campos Elísios, centro da cidade. O debate inicial será sobre a institucionalização da perfomance. Outras três oficinas gratuitas também rolam na Funarte e serão ministradas pelo canadense Richard Martel, pela alemã Nathalie Fari e pelo goiano Grupo Empreza.

P.S.: Em 2007 participei da videoperformance ‘Saindo do Armário’ do Ricardo Oliveros. Ele juntou ao trabalho Silvia Hayashi, DJ Atum e eu na parte técnica e transmitimos pela internet a loucurama de Ricardo vestir vários figurinos diferentes ditados pelos espectadores e dançar no pátio da galeria Vermelho. Dá pra ver os vídeos dessa ação aqui no blog que fizemos especialmente para a ocasião.

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chemical brothers; ‘further’; freestyle dust/emi

Texto publicado originalmente na revista Mixmag 5, junho/julho 2010, com mais algumas inserções.

Uma viagem barulhenta e ácida

Psicodelia audiovisual marca 15 anos dos Chemical Brothers

Pra onde Tom e Ed estão indo nesse novo álbum? Mais uma vez o duo se arrisca em esquisitices e um som anti-pista. ‘Further’ está mais para trilha sonora de vídeos viajandões, como realmente foi concebido esse novo trabalho, do que para hits instantâneos. Cada uma das oito músicas do disco tem um filme, que sairão em DVD e serão vendidos separadamente na internet. (Confira dois vídeos abaixo.) Essas criações visuais de Adam Smith e Marcus Lyall puderam ser vistas/sentidas nos shows que rolaram em Londres, no final de maio, para o lançamento do álbum, e em apresentações em festivais como o Sonar, em Barcelona. Coisa que o Daft Punk incorporou muito bem aos seus shows faz algum tempo, né? Já as músicas são pesadas, rápidas, barulhentas, sujas, ácidas, com ares de psicodelia. Convenhamos que são adjetivos ouvidos em outros momentos nesses 15 anos de Chemical Brothers. Os fãs vão adorar a nova (velha) viagem dos veteranos Tom e Ed, mas por enquanto estamos deglutindo e esperando a assimilação de ‘Further’.

As minhas preferidas de ‘Further’ são: ‘Another World’, ‘Dissolve’ e ‘K+D+B’

Quem comprar o disco via iTunes concorre a um iPad! Saiba como aqui.

Como disco, ‘Further’ terá uma boa carreira como show! Até final de agosto a dupla se apresenta em diversos festivais pela Europa e logo depois embarca para turnê pelos Estados Unidos. As datas e locais estão no myspace dos Chemical Brothers.

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comprar de graça é não comprar

A terça-feira (22/6) amanheceu fria e úmida em São Paulo. Acordei cedo, tomei café-da-manhã e fui conhecer uma loja que não cobra nada pelos produtos à mostra dos fregueses. Isso mesmo! Escolhe-se até cinco produtos por visita, registra-se na conta virtual, depois responde-se no site um rápido questionário sobre cada produto adquirido. E todo dia pode-se ir até lá pegar mais produtos (não repetidos). Tem de tudo de marcas famosas ou não: macarrão instantâneo, chá enlatado, cremes, perfumes, salgadinho,  comida de cachorro, sorvete, pão, sucos, fita dental, cola… Alguns são lançamentos recentes, outros ainda não estão no mercado; uns testam novos sabores, outros, avaliam novas estratégias para alcançar o consumidor.

Mas afinal, comprar sem pagar é não comprar, né? Por isso, a primeira leva de consumidores – blogueiros e jornalistas, que eu saiba – a estrear entre as gôndolas da loja Sample Central (Rua Augusta 2074, Jardins) foi selecionada pela casa e apresenta algum tipo de padrão de consumo – e de comunicação – que os sócios querem atingir. Quer dizer, quem quer atingir os consumidores é a indústria de bens de consumo e serviços de maneira geral, a Sample Central é na verdade um entreposto que expõe produtos a voluntários filiados que respondem pesquisas, que mais tarde são tabuladas pela Sample Central e enviadas aos clientes que compram espaços nas gôndolas.

Quem quiser participar dessa nova modalidade de pesquisa de consumo pode se cadastrar no site da Sample Central e pagar a anuidade de R$15. Por enquanto só existe uma loja dessas em São Paulo onde já tem cadastrados cerca de 16mil consumidores, mas espera ter 40mil em nove meses. Outras cinco cidades devem inaugurar lojas Sample Central nos próximos anos. Na Ásia e Europa existem outras filiais que seguem a matriz japonesa inaugurada em Tóquio em 2006. A tese é que os consumidores que testam as mercadorias apresentadas na Sample Central tornam-se consumidores efetivos quando o item chega nos supermercados e lojas. Isso é respaldado por pesquisa da própria Sample Central – 76% dos japoneses passaram a comprar produtos que testaram na loja. Todo mundo quer experimentar de graça o que pode comprar (ou não) amanhã no supermercado.

Conversei rapidamente com o inventor da Sample Central, o australiano Anthony James, pouco depois da apresentação dos sócios da loja paulistana, que inclui publicitários renomados, dois fundos de investimentos e o Ibope. Anthony está confiante do sucesso da franquia do seu negócio em São Paulo “porque o consumidor brasileiro é sofisticado e procura informação sobre o que compra”, me disse o boss. Mas é bom lembrar que o Brasil cresce a passos largos, a distribuição da renda está melhorando e o país está rumo ao quinto lugar entre as maiores economias do planeta. A indústria e as empresas de serviço – o Brasil é o primeiro país onde a Sample Central vai disponibilizar teste a serviços – estão ávidas em lançar mais e mais produtos e acharam na ideia da Sample Central uma forma mais eficaz e barata de saber a opinião de quem paga a conta, o consumidor.

Sample Central em foto de celular

Sample Central em foto de celular

Os donos da franquia paulistana dizem que existem muitas empresas esperando para colocar seus produtos nas prateleiras dessa loja-test drive. Eles têm entre 60 e 70 empresas expondo de 3 e 4 produtos na loja. A cada 15 dias trocam todos os produtos. O contato direto com o cliente-consumidor é o que a Sample Central oferece através do conceito “tryvertising” (do inglês, try+advertising). O negócio é chegar no consumidor dando oportunidade para que ele experimente antes  – até mesmo antes do lançamento no mercado. Com essa experiência de prova, tem-se mais chances de conquistar um lugarzinho no coração e mente do consumidor. É a tal da fidelização. E a melhor propaganda é o boca-a-boca, a indicação direta de uma pessoa confiável.

Como essa onda da Sample Central se difunde entre as pessoas? É tudo na base do boca-a-boca, sem gastar com publicidade. Do investimento de R$ 4milhões na loja brasileira, não existe parcela para publicidade. O esquema viral – via e-mails, blogs, redes sociais e disse-me-disse – é que vai amealhar mais gente para a loja-pesquisa, assim como aconteceu nas cidades da Ásia onde a Sample Central se instalou e tem 1,6 milhão de afiliados. E é exatamente o que estou fazendo aqui, dando +1teko de razões – sem receber! – pra você entrar nessa onda de comprar sem pagar. Ou não.

* * * * * * * * * *

P.S.1: “Comprei” os seguintes produtos na primeira vez: pão de forma, perfume, fita dental, água mineral e pipoca coberta com chocolate, e ainda provei um sorvete e um telefone de mesa com acesso à internet.

P.S. 2: Leve sempre sua sacola às compras! Não aceite sacolas plásticas!!! A atendente da Sample Central me disse que as sacolas da loja são biodegradáveis, mas não encontrei nenhuma indicação disso. Leve sua sacola reutilizável!!!
Você leu sobre sacolas reutilizáveis aqui.

P.S. 3: O visual da loja é bacana, mas não muito animador, por mais que digam que o projeto é de um arquiteto famoso – Fernando Brandão. Vi imagens de outras lojas Sample Central e achei mais modernos e interessantes. Aqui é apenas um mercado como o da esquina da sua rua. Poderia ter mais cores e uma iluminação especial.


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mamma mia! i love we love

O selo alemão BPitch Control mandou ontem newsletter sobre seu novo lançamento. A dupla italiana We Love é bem mais que um “projeto” de ótima música dançante. Giorgia Angiuli e Piero Fragola gostam mesmo é de uma boa performance na cabine de som. Vestem roupas ‘performáticas’, projetam vídeos e ainda sobra tempo pra tocarem instrumentos absurdinhos e máquinas analógicas e digitais. As batidas combinam disco 80’s e eletrônica (electro, minimal e tech house), o mesmo tom minimalista dos artistas do BPitch Control (de Ellen Allien), mas os dois italianos vestem o techno berlinense com adornos musicais – lances de ítalo e disco – de sua terra natal. A fusão é tão saborosa quanto uma macarronada da mamma.

O primeiro álbum, que também se chamará ‘We Love’, sairá na segunda semana de outubro – daqui quase quatro meses! Vou dar uma procurada se já rola algum link pirata pro álbum, mas a gravadora mandou um medley – faz tempo que não vejo essa palavra! – com trechos das dez faixas do disco que dá pra ouvir nesse link aqui. ‘We Love’ tem como tema visões e viagens – “when the window of a train takes you somewhere”, explica o duo italiano. O start da produção do disco aconteceu quando encontraram por acaso o produtor musical e remixer Marco Palazzo (aka Keith) numa estação ferroviária e logo fizeram a primeira faixa, ‘Escape Destination’. As outras nove faixas seguiram os trilhos dessa inspiração.

We Love nasceu no meio do ano passado, quando Georgia e Piero gravaram um CD para ouvir durante uma viagem. Ela escreveu no disco ‘WE’ com caneta de tinta branca; logo depois ele rabiscou ‘LOVE’ com tinta preta. A dupla nascia aí, em preto e branco, e tendo o amor como guia para suas incursões musicais. Bem antes disso tudo, Giorgia andava envolvida com moda, no projeto Metúo com a francesa Amelie Labarthe. Mas bem antes disso, na adolescência, Giorgia tocava guitarra clássica até ganhar uma elétrica e passar a tocar hardocre e black metal. Piero é designer, VJ e professor universitário, trabalhou com músicos, grupos teatrais e diretores de cinema. Ele descobriu a música eletrônica através da cult band inglesa pós-industrial Coil. E diz que a Giogia deu como presente de aniversário o disco ‘Berlinette’, da Ellen Allien, para uns amigos faz algum tempo. “Senti um lance revolucionário nele, e então comprei meu primeiro sound card e um laptop novo. Descobri e ainda estou descobrindo o charme incrível da música eletrônica”, conta a ragazza inspirada em sua atual chefinha Ellen Allien. Aliás, o último disco de Ellen, ‘Dust’, que você leu e ouviu aqui, tem tudo a ver com o som de We Love.

Nos shows, a dupla We Love veste roupas e máscaras boladas por eles mesmos e usa uma velha guitarra em forma de coração, uma drum machine, dois teclados e um controlador midi (cujo design foi elaborado por eles mesmos e patrocinado pela marca italiana de roupas e mobiliários I&S). Piero e Giorgia também projetam imagens em preto e branco num telão e cantam. O objetivo é explorar as relações entre as diversas formas de expressão estética, como som, arte visual, moda e design.

No link a seguir tem vídeo do We Love tocando ao vivo em Barcelona > We Love live

capa we love

ARTIST: WE LOVE
TITLE: WE LOVE
RELEASE GER: 10.09.2010
RELEASE WORLD: 13.09.2010
FORMAT: CD / Digital
CAT NR.: BPC225CD
EAN CD: 880319480522
LC: 11753

01. Ice Lips
02. Don’t Cross
03. Cruise Control
04. Hide Me
05. Even If
06. Underwater
07. No Train No Plane
08. Our Shapes
09. Escape Destination
10. White March

P.S.: Assim que acabar o upload de um mini set do We Love eu coloco aqui!!!

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clubbing; adultnapper

Vai dar pra se jogar numa baladinha clubbing nessa semana. Tem o sotuuurno grooovado Adultnapper no Hot Hot. O som é tech house cool, no-bombator pliz! E é novidade no Brasil, é a primeira vez que o novaiorquino techno freak Francis Harris, o Adultnapper, se apresenta por aqui. Além disso, acho que ele vai mostrar um som bem diferente do que temos ouvido aqui nos últimos tempos – a escola berlinense, um povo pós-maximal, alguns ruídos das redondezas de Ibiza. Estou gostando de prestar atenção na eletrônica que vem dos EUA.

USA – Seth Troxler, no mesmo Hot Hot, uns meses atrás foi incrível. Assim como é incrivelmente bem construído o CD-mix BoogieBytes Vol.5, com interferências de Troxler falando e muitos climões, muitos tempos diferentes num set de uma hora e tanto.E tem umas noites do D-Edge com DJs norte-americanos que jamais vão sair da minha memória, assim espero! – o live Audion de Mathew Jonson, e depois o próprio Mathew discotecando, Cobblestone Jazz, Heartthroble, Steve Bug… Pena ter perdido Claude VonStroke e Kate Simko… 😦 E já to indo pro Jeff Mills! E acho bom eu não me empolgar muito!

Agora no comecinho de julho sai mais um EP do tal Adultnapper, pelo selo Poker Flat. Pois é, e lá no site da egência dele tem o seguinte texto sobre o EP: “Slowly is a typically spooked out 2 tracker from the East Coast‘s master of the dark and funky arts.” Vou conferir!!! … o novo EP e sexta 25 no Hot Hot. Já vai curtindo o sample de Slowly enquanto isso; Francis também não tá com tanta pressa…

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shows de rock e livros portugueses; 2plus?

Segundona de noite e tô aqui vendo o que vai rolar na semana. A programação geral dos clubs não tem nada de muito instigante; aliás, faz um tempinho que sair de casa pra ver DJ gringo ou pra exibicinismo fashionista tá bem sem graça. Sábado toquei no Astronete e a casa não estava tão bombada como de costume, e me disseram que sexta e sábado foi meio fraco no D-Edge. Claro que noutros lugares bombou, como sexta no Alberta#3 com fila gigante. Bom, mas vamos falar dessa nova semana, e a gente tem de garimpar pra descobrir algumas pérolas na noite, e tudo depende do gosto de cada um, claro. Tô dando uma viajada aqui numas festas, exposições, filmes, livros e tals que pretendo dar uma conferida nessa semana, se estiver afim pode me seguir… 😉

Faz poucos dias que abriu o club/casa de show/restaurante/bar Comitê, bem ao lado do Studio SP, no baixo Augusta. Nessa quarta tem  o festival Popload – na versão Gig Cult – do Lúcio Ribeiro por lá, com o compositor Mark Lanegan, que vem da cena grunge de Seatle. Lanegan começou no grupo Screaming Trees, foi amigo de Kurt Cobain e se insere naquela lista de guitarristas indie cult norteamericanos, algo pós-Dylan. Estou conhecendo o trabalho do cara agora – vejam o vídeo abaixo. Fiquei com vontade de ir no show porque o cara parece interessante e também curioso pela nova casa noturna, irmã do Studio SP – é dos mesmos sócios Ale Youssef e Maurizio Longobardi. O show é na quarta-feira 24 às 22h, por R$ 90.

Lanegan com Isobel Campbell, da banda escocesa Belle & Sebastian.

Mais uma da dupla, dessa vez no Café do Sundance Film Festival. E, tá bom! Eu acho que às vezes esse som é meio chato… mas quem sabe ao vivo.

Mais uma de rock’nroll – Hugh Cornwell, ninguém menos que um dos homens por trás da banda punk inglesa Stranglers, toca sábado no bar CB, na Barra Funda. Vai rolar aniversário de 24 anos da loja London Calling, um dos musts das galerias de rock do centrão de São Paulo. A dica foi do Sérgio Barbo, enquanto ele discotecava no Astronete no sábado passado, e como ele saca tudo de rock, e porque ando numas de rock mesmo, já tô achando uma das melhores no final dessa semana. Faz tempo que não vou ao CB, e lá é legal, aquele galpão grande e o palco… É a primeira, e será a única, apresentação de Cornwell no Brasil!!! Se liga! Sábado 23h30, no CB por R$ 35. No site dele dá pra baixar seu último álbum, Hooverdam, lançado em 2008. Tô baixando, vamos ver se gosto…

Aqui tem uma gravação ao vivo não tá muito boa,tá meio Dogma 95, mas o registro vale!

Livros

Fiquei passado com a morte do José Saramago na semana passada. Adoro os textos dele, e sei que tem um monte de gente que não consegue entrar na onda dele, mas acho normal porque não é um texto muito fácil. No começo resisti, mas consegui ir em frente e passei a adorar a forma como ele pontua as frases e parágrafos, a metalinguagem, o poema na prosa, os versos brancos na prosa… mil coisas! Daí saí caçando nos sebos e lojas virtuais alguns títulos que não tenho na estante. Hoje chegaram “Caim” – último romance de Saramago e que gerou mais disse-me-disses com Portugal e Vaticano – e “A Maior Flor do Mundo” – única incursão do autor na literatura infantil. As ilustrações de “A Maior Flor…” são de João Caetano, pintor moçambicano que também ilustra livros e faz histórias em quadrinhos, e por aí dá sentir as experimentações com colagens que ele criou pro livro. E realmente, o narrador – o próprio Saramago – não tem muito jeito com o mundo dos miúdos. A história é uma justificativa do autor por não saber escrever pras crianças.

Aqui vai o filme de animação espanhol “A Flor Máis Grande do Mundo” dirigido por Juan Pablo Etcheverry. O narrador é José Saramago – que lê o texto do livro em espanhol com forte sotaque português. “Um relato para niños (y adultos) escrito y narrado por José Saramago. Un corto colmado de símbolos y enigmas, destinado a una infancia que crece en un mundo quebrado por el individualismo, la desesperanza y la falta de ideales. Cortometraje de animación intervalométrica combinada con dos dimensiones.”

Em “Caim”, Saramago reporta-se ao Velho Testamento para “reler” a história do filho mal de Adão e Eva, Caim. A narrativa deve ir nos moldes de “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, best seller que narrava uma história do Novo Testamento. Ambos geraram muita polêmica com a Igraja Católica. Achei uma resenha legal desse título no site Verbo 21.

Amanhã eu volto e dou mais umas dicas, ok? Tem DJ novo na praça, tem umas exposições bacanas rolando…

Logo cedo tenho um brunch da inauguração da loja Sample Central – um lance de loja onde não se paga pelas mercadorias, mas é preciso responder pesquisas. Enfim, uma forma nova, e me parece, mais barata, fácil e espontânea de fazer pesquisa de consumo. Depois conto mais sobre essa novidade em terra brasilis.

2Plus?

E-mail enviado no começo da noite da segunda-feira anunciou a saída de Paulinho Silveira da agência 3Plus, que reunia ainda Edo van Duyn e Luiz Eurico Klotz. A 3Plus continua tocada por estes dois últimos e mantém o nome, segundo o jornalista Camilo Rocha via twitter. Não se sabe (ainda) o motivo da separação do trio que fez entre outras a fama de Djs como Marky, Renato Cohen, Gui Boratto, Patife etc. e comandou o festival SkolBeats.

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dj jesus luz; ‘we came from light’; kaos

Corra para luz, Caroline! Oops! Quer dizer: corra DO luz, Caroline!

Sabe que o primeiro EP do DJ Jesus Luz foi lançado em março e relançado em abril pelo selo português Kaos. É o centésimo-trigésimo lançamento da gravadora que existe há 17 anos e costuma vender uma miscelânia de ritmos eletrônicos, como DJ Vibe e Mastiksoul até levadas bem comerciais. Fora a qualidade ou não das duas faixas e uma versão dub, o que me impressiona e intriga como jornalista que trabalha numa revista de música é que não vi nem recebi nada sobre esse lançamento. Já tinha ouvido as faixas há bastante tempo na página do myspace do Jesus Luz, mas nem notícia sobre o lançamento oficial. A Mixmag brasileira trouxe entrevista com Jesus na última edição e nem mesmo lá ele revelou esse petardo, já apelidado de ‘electrohouse universitário’ por DJs e produtores ontem (9/6) no facebook.

O EP traz a faixa título ‘We Came From Light’ – trocadilho infeliz com o sobrenome do produtor – e ‘Sweet Mistery’ em versões original e dub. As músicas são just OK para pistas que gostam de energia, bombação e que não se importam se o som é demodé. Até imagino a pista de dança cheia de pitboys e patriçonas se chacoalhando com os braços pro alto e gritando! ‘We Came…” é suja e tem uma vozinha gritando um oh-oh meio sensual – seria Madonna? – numa levada electro e pop, coisa que já ouvi faz tempo, e bem melhor produzido. Uma pretensa dirty electrohouse, eu diria. Já o lado B ‘Sweet Mistery’ tem vocoders e mais bombação electrohouse bem comercial, daquelas músicas que nos atormentam no carro quando procuramos sintonizar no rádio algo que realmente preste. A música é cantada por Zoey, mas não encontrei informações sobre quem é a moça. O refrão diz algo como “you get me crazy”. Sintomático. Eu até arrisco dizer que muito dessas primeiras produções de Jesus Luz têm um quê da linha musical do DJ Tocadisco – inimigo público número 1 de Jesus e o rei do electrohouse. Dá pra passar sem ouvir essas tracks, mas pra matar a curiosidade dos leitores coloquei samples das músicas a seguir.

Esse EP deve bombar em Ibiza nesse verão europeu que se aproxima, que apesar da crise financeira ainda deve dar bons lucros para espanhois e ingleses. Aliás, outra faixa de Jesus – ‘Around the World’ (nada a ver com Daft Punk!) – está na coletânea de verão Ibiza 2010 – Warm Up (Part 2) que saiu pelo selo alemão Tiger Records. A música se parece muito com as duas que falei acima – aquela levada progressive electrohouse que faz sucesso nas tardes ensolaradas na Pacha Ibiza. Aliás, ‘Around the World’ foi lançada como single digital no final de maio com remixes de Sandro Silva, Twin Pack, Mark Simmons e Uppermost – todas na ‘vibe’ prog.

Mais uma pesquisada no Beatport e achei outras coisas de Jesus. Em parceria com Twin Pack (aka Laurent Arricau), ele produziu a faixa progressive house comercial ‘Feel the Vibe’ – eita nominho infeliz!  – pelo selo Punch Underground. E o selo português Kaos não é bobo, e em coletâneas de verão lançadas recentemente inclui ‘We Came From Light’ e ‘Around the World’. Será que Jesus Luz se tornará uma galinha-dos-ovos-de-ouro como Madonna? Será que as aulas de Paul Oakenfold podem melhorar o repertório do toyboy carioca de Madonna? Só o tempo dirá…

Quem quiser conferir a performance do DJ que um dia tocou com CDs pré-mixados e com DJs auxiliares escondidos embaixo da mesa de som (não sei se ele passou dessas etapas que você leu aqui) pode anotar na agenda: Jesus Luz se apresenta hoje (10/6) em Kiev, capital da Ucrânia; amanhã (11/6) em Viena, Áustria, no club Volksgarten; dia 18/6 estará em Brasília; dia 19/6 ataca de DJ em Limeira, interior paulista; dia 3/7 estará no club Space, em Ibiza; e no Ipanema Music Festival, em Belo Horizonte, no dia 16/7. Acabo de ler sobre a performance de JL em Cuiabá, no club Lotus no dia 20 de abril passado, no blog Factóide, que diz e mostra que JL tocou com Traktor. Será?

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kiriDJinha 6 – renato ratier

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fuck the beach

Temporadinha de feriado no Rio. Quinta conheci Búzios – uma cidade calma e a praia de Geribá é muito linda. Ontem (sexta) de noite, cheguei no Rio e fui no club Fosfobox – o soundsystem tava meio ruim, mas estavam muitos amigos queridos. Fazia uns dois anos que não vinha ao Rio! Hoje, sábado, toquei na rádio online do Peri – Cocoon – em edição especial “kiriDJinha”. Acho que vou conhecer o bar GIG logo mais e amanhã cedo acompanho DJ Atum na Fuck the Beach, ele toca às 9 da manhã!!! Reiviiiiii!!!!

Está acertada a volta da kiriDJinha!!! A sexta edição da festa acontecerá no novo clubinho do centro do São Paulo, o Alberta #3. O convidado especial é Renato Ratier (que dispensa apresentações, mas pra quem não sabe, ele é dono do D-Edge e um excelente DJ, além de kiriDJinho meu e do Atum. Terça 15/6 a partir das 22h30, na Avenida São Luiz quase esquina com a Rua da Consolação.

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moradores de rua de são paulo

Moradores de rua embaixo do minhocão, no bairro Santa Cecília

O caderno Cotidiano, da Folha de S.Paulo dessa terça-feira 1/6, traz como manchete a polêmica entre dar ou não dar comida e esmola pra moradores de rua. Os moradores do bairro Santa Cecília (centro da capital) decidiram que vão multar os comerciantes, ONGs e moradores que derem comida aos muitos moradores de rua que se acumulam debaixo do Minhocão, muitos deles vindo ultimamente da cracolândia, que fica ali por perto. Os subtítulos da matéria dizem: “Campanha para expulsar pedintes da Santa Cecília pressiona restaurantes”e “Estratégia do conselho de segurança do bairro é ameaçar quem doa alimento com visita da Vigilância Sanitária”.

O texto segue: “A maioria dos moradores de rua de São Paulo trabalha, ganha em média R$ 19,30 por dia e gasta com comida, bebida, cigarro ou droga. A pesquisa foi feita pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) encomendada pela prefeitura. (…) 66,9% dos moradores de rua ganham seu dinheiro trabalhando. As principais atividades: coleta de recicláveis, carga e descarga, além das funções de flanelinha e guardador de carros.”

Flanelinha não é profissão, mas uma forma de pedir esmola, que aliás me irrita muito, e a muitas outras pessoas que pagam impostos pra poder andar de carro e ainda tem de pagar esse imposto-esmola pra não ter o carro detonado. Fora os vendedores clandestino de bilhetes Zona Azul que loteiam as ruas e a prefeitura, polícia e CET não fazem nada.

Aqui onde moro, na quebrada entre Sé, Liberdade e Glicério, as ruas estão loteadas por vários “flanelinhas que vendem zona azul” e os mendigos são muitos. Esses últimos costumam destroçar os sacos de lixo espalhando muita sujeira, consomem crack na rua abertamente, defecam nas calçadas e às vezes imtimidam transeuntes. A prefeitura não faz nada, e isso que a Liberdade é um bairro turístico… Bom, até os donos de restaurantes jogam lixo nas calçadas do bairro. Uma miséria só!

A jornalista Beth Ferreira, que mora no Rio, diz: “esse imposto de renda desgraçado que a gente paga (eu pago uma barbaridade de IR), fora todos os outros impostos que estão embutidos em tudo que circula na nossa economia, deveria servir pra criar abrigos, promover controle de natalidade, educação e saúde pra todo mundo, aproveitando pra retirar esse povo das ruas. Não é promovendo a maldade que se vai resolver o problema da população sem teto.”
Concordo com a Beth que fazer o que a PM faz, como vejo regularmente da janela aqui de casa – spray de pimenta na cara dos mendigos quando não encontra nada de suspeito ou entrar na boca de crack e não achar nada, nem prender traficante algum -, não resolve nada e os nossos impostos vão parar nos bolsos e contas no exterior de muitos políticos que elegemos. É por essas faltas de políticas sociais que os moradores se revoltam e agem como o tal Conselho de Segurança da Santa Cecília, que vai anotar quais os restaurantes e lanchonetes que dão comida aos pobres coitados das ruas do bairro e depois vai convencer os comerciantes e não darem mais comida. E se o Conselho ver alguém dando comida vai chamar a Vigilância Sanitária, paliativo que na prática não vai impedir as doações de comida. Isso porque a Vigilância Sanitária diz que “não há problema nenhum em doar comida, desde que a refeição seja servida com higiene. O órgão costuma orientar restaurantes sobre como fazer a doação.”
O que importa afinal é que a prefeitura tenha políticas sociais definidas e que polícia, moradores, ONGs e órgãos do município trabalhem em conjunto e bem aparelhados para diminuir a população sem teto. Uma tarefa que parece bem difícil para essa prefeitura que hoje comanda a cidade.
Na semana passada li que a coleta seletiva em São Paulo está no gargalo, as empresas contratadas pela prefeitura para recolher o lixo reciclável têm de jogá-lo no lixão comum porque as cooperativas credenciadas que separam os dejetos não conseguem mais separar o enorme volume. Por que a prefeitura não licencia logo mais cooperativas? Isso poderia tirar mais gente das ruas. Mas como dizem alguns pesquisadores, nem sempre os moradores de rua querem sair daquela situação e cada um tem uma história diferente pra contar que o fez e faz viver nas ruas, desde droga até problemas familiares.
Informação no portal G1: “A prefeitura colocou números de telefone à disposição da população para solicitar acolhimento para moradores de rua nestes dias mais frios. Os contatos poderão ser feitos pela Central de Atendimento Telefônico Ininterrupto ao Munícipe Cape/Cati – 3228-5554, 3228-5668, 3397-8874 e 3397-8859; através do Coordenador Municipal de Defesa Civil (Comdec) – 199; pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SaMU) – 192 ou através do Serviço de Atendimento ao Cidadão – 156.”

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